TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE (TDI)
A inserção desse tópico como subtema do postulado criacionismo científico não foi por acaso, pois é parte integrante dessa linha de observação. A Teoria do Design Inteligente (TDI)[1] surge com a percepção de que há uma mente inteligente, que orquestrou o universo e a vida, mesmo não tendo a inclinação de prová-la, detectando e estudando os sinais dessa inteligência encontrados na natureza.
O evolucionismo, ao longo de 160 anos, moldou a academia científica, criou a ideia de que uma grande explosão criou o universo e toda sua existência, através de processos naturais, não guiados, numa “sopa ácida”, um “caldo primordial de aminoácidos”, onde de forma lenta e gradual a vida surgiu no planeta. Nesse ínterim, a TDI busca informações dando indícios confiáveis de um design na natureza, bem como objeto da investigação científica.
Design, significa desenho, projeto, plano, tipo de construção ou planejamento. Basicamente, a Teoria do Design Inteligente (TDI) é uma teoria científica com consequências empíricas e desprovida de qualquer compromisso religioso. Ela se propões a detectar empiricamente se o design observado na natureza é um design genuíno (produto de uma inteligência organizadora) ou um produto do acaso, necessidades e leis naturais (LOURENÇO, 2007, p. 44).[2]
A visibilidade política da TDI (movimento primariamente norte-americano, mas com influência em outros locais) aumentou nos anos 90 graças a uma série de processos judiciais onde conselhos escolares tentaram promover o ensino da TDI como alternativa à evolução em salas de aula norte-americanas. A situação se complica pela estrita separação entre estados nos Estados Unidos, o que significa que não há instrução religiosa nas escolas.
Quando um conselho escolar favorável à TDI foi eleito numa escola de Dover, Pensilvânia, os professores foram instruídos a ensinar a TDI juntamente com a evolução darwiniana. Isso levou a protestos dos pais e acabou resultando em um processo judicial amplamente noticiado pela imprensa em 2005, presidido pelo juiz Jones, republicano e luterano praticante, indicado pelo presidente Bush. O juiz determinou que a TDI não poderia ser ensinada em sala de aula, pois não era “ciência” e não “atingia as regras essenciais que limitam a ciência a explicações naturais e testáveis”.[3] Assim iniciavam-se os embates políticos para aceitação dessa teoria que traz em seu significado intuitividade e desperta uma forte oposição à evolução darwiniana.
De fato, evoluímos “à la Darwin”, por meio de processos acéfalos, que logicamente não nos tinham em mente? Ou será que fomos planejados por uma mente inteligente, consciente e com propósitos? Nosso destino final será mesmo o da aniquilação total, naquele frio congelante de um Universo envelhecido, esgotado e inanimado, ou será que podemos inferir com segurança que há sim, propósito na vida e no Universo que a acolhe? (EBERLIN, 2018, p. 14).[4]
Dessa forma, vemos que a teoria evolucionista “sepultou” Deus, eliminando a necessidade de que o homem sempre teve de apelar ao sobrenatural, ao transcendente, em busca de suas origens; enterrou a Bíblia, em sua exposição sobre a doutrina da criação, demonstrando que tudo que existe não é nada mais que matéria, energia e espaço. O materialismo e naturalismo filosófico tomam conta da ciência, reformulando as suas bases primordiais que são a busca do homem, sem amarras ou preconceitos, pelo conhecimento pleno do Universo e da vida, mas, para a ciência hoje, acreditar que exista algo além dos elementos acima citados é pura ignorância, uma irracionalidade profunda ou uma pseudociência, deixando o destino final da civilização à mercê de uma aniquilação total, de um universo congelado e exaurido de energia. Mas, será que isso é verdade e está de acordo com as descobertas científicas mais recentes?
Nesse século ultra tecnológico, a Teoria da Evolução não mais oferece sustento intelectual para acompanhar o processo evolutivo célere e sagaz da ciência contemporânea que, cada vez mais não aceita meros postulados dialéticos, contudo, exige lastro racional e material para seguir aceitando seus fracos fundamentos e premissas especulativas que, tem acompanhado essa teoria desse Paley, Koonin, Darwin, Oparin (MAGALHÃES. 2014, p. 8).[5]
Um dos maiores pressupostos da ciência sempre foi a existência de uma mente inteligente e que esta rege o universo através de leis e uma linguagem matemática, deixando sempre sua assinatura em tudo, deixando-nos formas de entender seus propósitos. Assim, a ciência verdadeira não tem dúvidas que o universo é racional, guiado e intencional, governado por uma mente superior, racional e inteligente.
Quando a Bíblia diz que “fomos feitos à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1.26), está nos mostrando que temos a “mente de Deus” e que através do nosso raciocínio, nossa lógica, nossa dedução, vale a pena investigar o universo através de uma ciência pura, pois esta sabe discernir entre ação de forças naturais e uma mente inteligente. Isso, devido aos padrões, sinais, características e assinaturas que apontam para tal. A teoria do design inteligente tem a intensão de reverter a influência sufocante da visão de mundo naturalista e substituí-la com uma ciência consoante com as convicções cristãs e teístas.
Muito embora, de acordo com , claramente Gn 1 não representa literatura científica tal como entendemos o termo, assim como nenhuma outra passagem bíblica pode ser considerada literatura científica. É inteiramente inapropriado forçar um entendimento de linguagem moderna, científica, a qualquer texto antigo escrito numa era em que este tipo de literatura sequer existia. (ALEXANDER, 2017, p. 153).[6] Conforme Gn 1.1, em meio à escuridão, a partir do nada, tudo se criou. Seria o Universo obra do acaso, de leis naturais ou de um ser inteligente?
A Terra, um pequeno planeta em relação à imensidão do Cosmos, é a testemunha de um planejador. Quando nos deparamos com tamanha organização e beleza encontramos pistas ocultas em tudo aquilo que a estabelecem, indícios que nos fazem questionar, rastros encontrados em tudo que nos rodeia, que revelam nossas origens e, mesmo assim, jamais saberemos tudo, devido às nossas limitações e, por isso, cientificamente falando, seremos dependentes de uma ciência pura, verdadeira, sem amarras naturalistas e ideologias materialistas. O sábio Salomão, escrevendo no livro de Eclesiastes, diz-nos: “Assim como você não conhece o caminho do vento, nem como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as obras de Deus, o Criador de todas as coisas”. Ec 11.5 (NVI).
Li o livro de Behe, “A Caixa Preta de Darwin”, pouco tempo depois de sua publicação em 1996. De acordo com o livro, a descoberta da atuação do design inteligente sobre a geração de mecanismos bioquimicamente complexos “deve ser consideradas umas das grandes conquistas da história da ciência”: “a descoberta rivaliza com as de Newton, Einstein, Lavoisier e Schroedinger, Pasteur e Darwin”. São reivindicações ousadas, para dizer o mínimo. Uma suposta revolução científica como essa certamente deve originar um programa de pesquisa muito frutífero, gerando milhares de publicações na literatura científica (ALEXANDER, 2017, p. 338)
A TDI dará muito espaço para investigações como também muitos debates, haja vista que a “ciência” foi totalmente modulada pelo darwinismo, mesmo na era moderna e com tanta tecnologia. Quando as bases do Darwinismo foram criadas através da publicação do livro “A Origem das Espécies”, em 1859, pouco do que se aborda nesse tópico estava descoberto e ainda, Darwin, a bordo do famoso navio Beagle não teve a oportunidade de vivenciar muitas das maravilhosas descobertas. Suas conjecturas eram baseadas em observações da época, sem qualquer conhecimento sobre o DNA, por exemplo. O curioso é que sendo a Bíblia mais antiga que o livro de Darwin, podemos garantir que ela está bem mais atualizada que o livro do chamado “pai da evolução”.[7]
A ciência já conhece muitos mistérios da lua e está prospectando com robôs remotos os enigmas de Marte, porém está longe de conhecer certas complexidades, até aqui inexplicáveis, do corpo humano. Somos tão estranhos e paradoxais, quanto a infinitude do Universo (MAGALHÃES, 2014, p. 8).[8]
É evidente que, quanto mais conhecemos, percebemos que necessitamos conhecer mais e mais. “A glória de Deus é ocultar certas coisas; tentar descobri-las é a glória dos reis” Pv 25.2 (NVI). “Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” Cl 2.3 (NVI). Portanto, estamos diante de um espetáculo da criação, o qual nos mostra que seria impossível outra alternativa para formar um ser pensante como o homem e outros bilhões de seres diferentes uns dos outros, com múltiplos genótipos, fenótipos,[9] com suas múltiplas personalidades, caracteres e suas intrínsecas propriedades, sem a necessidade de reproduzir fielmente suas células com a sua complexidade irredutível. Surpreendamo-nos, pois, com a obra da criação!
O homem vive sustentado entre o tempo e o espaço, tateando à procura do infinito, do eterno, com seu corpo, feito de matéria frágil, que o sopro do vento pode carregar, mas se julga indestrutível, ilimitado, imortal; feito do pó da terra, mas ergue sua cabeça ao alto e pergunta: Por quê? Porque talvez precise de uma voz semelhante como resposta. Filosoficamente, alguns projetaram o homem nos deuses, outros, viram Deus, feito homem (Jo 1.18). A busca por sua origem é, em última instância, a busca pelo seu destino.
Quando arqueólogos encontram em escavações utensílios ou fragmentos de cerâmica muito antigas com marcações, desenhos, símbolos desconhecidos, atribui-se invariavelmente que foram confeccionados pelo homem de alguma civilização pregressa. Seria possível imaginar um arqueólogo “revolucionário” apresentando uma teoria de que a formação dos utensílios e fragmentos de cerâmica fossem obras do acaso, oriundos da formação aleatória por bilhões de anos? Seria uma proposta muito improvável e até mesmo ridícula. Agora, por que quando se vê a complexidade do DNA e suas regulações em apenas uma célula, atribui-se tudo isso a processos acidentais que evoluíram com o passar de bilhões de anos? Seria razoável? Científico? É preciso meditar sobre isso.[10]
A TDI na biologia, por exemplo, defende que, devido à complexidade, a vida não teria surgido através de processos naturais, espontaneamente. Portanto, a origem da informação contida na complexidade da vida não resulta de processos chamados naturais (LOURENÇO, 2017, p. 44). É importante notar que a TDI não identifica nem propõe a existência de um design (o Criador). Desde muitos séculos, essa proposta era debatida entre filósofos gregos, os quais acreditavam que o Universo havia sido criado de acordo com um plano racional.[11]
“Esqueces o Senhor, que te criou, que estendeu os céus e alicerçou a Terra”. Isaías 51:13
[1] A TDI é um movimento anti darwinista que tenta identificar exemplos altamente específicos de design ou projeto em organismos vivos, para apresentá-los como evidência de um projetista ou designer. O movimento emergiu na consciência pública no início dos anos 90, por meio de uma série livros escritos por um professor de direito da universidade da Califórnia chamado Phillip Johnson. Em uma visita a Londres, Johnson se deparou com o livro “O Relojoeiro Cego”, de Richard Dawkins, e, instigado por uma crítica antirreligiosa, escreveu “Darwin no Banco dos Réus”, criticando a teoria da evolução. O que mais perturbou Johnson foi a pressuposição da filosofia naturalista adotada por Dawkins, a ideia de que tudo pode ser explicado pela ciência sem recorrer a Deus ou a qualquer entidade sobrenatural (ALEXANDER, 2017, p. 323).
[2] LOURENÇO, A. Como tudo começou: Uma introdução ao Criacionismo. 1ª. ed. São José dos Campos: Editora Fiel, 2007.
[3] ALEXANDER, D. R. Criação ou evolução: precisamos escolher? 1ª. ed. Viçosa: Ultimato, 2017, p. 324.
[4] EBERLIN, M. Fomos Planejados: a maior descoberta científica de todos os tempos. 4ª. ed. São Paulo: Editora Mackenzie, 2018.
[5] MAGALHÃES, Francisco Mário Lima. Design Inteligente: a metodologia de convergência das ciências sob a ótica da criação. 1ª ed. São Paulo: Editora Reflexão, 2014).
[6] ALEXANDER, D. R. Criação ou evolução: precisamos escolher? 1ª. ed. Viçosa: Ultimato, 2017.
[7] PEREIRA, T. D. M. C. Bioquímica: Evidências das ciências biomédicas na Bíblia. 1ª. ed. Curitiba: AD Santos Editora, 2013.
[8] MAGALHÃES, Francisco Mário Lima. Design Inteligente: a metodologia de convergência das ciências sob a ótica da criação. 1ª ed. São Paulo: Editora Reflexão, 2014.
[9] Genótipo é um termo usado na genética que se refere à constituição genética de um organismo. Pode ser definido como o conjunto completo de genes herdados por um indivíduo a partir de seus progenitores. Fenótipo são as características observáveis ou caracteres de um organismo ou população, como: morfologia, desenvolvimento, propriedades bioquímicas ou fisiológicas e comportamento. O fenótipo resulta da expressão dos genes do organismo, da influência de fatores ambientais e da possível interação entre os dois.
[10] PEREIRA, T. D. M. C. Bioquímica: Evidências das Ciências biomédicas na Bíblia. 1ª. ed. Curitiba: AD Santos Editora, 2013.
[11] LOURENÇO, A. Como tudo começou: Uma introdução ao Criacionismo. 1ª. ed. São José dos Campos: Editora Fiel, 2007, p. 44.
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