DEVE O CRISTÃO GUARDAR O SÁBADO?
Infelizmente, essa questão tem provocado dúvidas na cabeça de muita gente. Tudo isso porque determinado grupo religioso, coloca a guarda do sábado como condição indispensável para a obtenção da salvação. Ou seja, para as pessoas desse tal grupo, o sacrifício de Cristo não teria sido suficiente para resgatar o homem perdido, então, ensinam que se o cristão não guardar o sábado, não poderá ser salvo. A profetisa-mor dessa organização afirma em um de seus escritos: “O sábado será a pedra de toque da lealdade… traçar-se-á a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não servem”. O grupo chega ao absurdo de afirmar que o selo de Deus na vida do cristão é a guarda do sábado.
Todavia, não é preciso ir muito longe para desmantelar esse falso ensinamento. Os teólogos dessa organização se empolgam tanto com essa heresia que chegam a dizer que o sábado foi um mandamento dado desde o princípio do mundo. Mas, é só olhar com mais cuidado para a Bíblia e vamos ver em Dt 5.15, que o sábado foi ordenado por Deus ao povo de Israel, senão vejamos: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o SENHOR teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o SENHOR teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado”. E ainda em Sl 147.19,20, onde está escrito: “Mostra a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e os seus juízos a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; e quanto aos seus juízos, não os conhecem. Louvai ao SENHOR”.
Corroborando com o que estamos afirmando, vamos ver ainda outra passagem bíblica que auxiliará na elucidação da questão. O profeta Ezequiel não deixa dúvidas que Deus estabeleceu o sábado como um sinal entre Ele e o povo de Israel (Ez 20.10,12). Vejamos o que diz esse profeta: “E os (Israel) tirei da terra do Egito, e os levei ao deserto. E dei-lhes os meus estatutos e lhes mostrei os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles. E lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal ENTRE MIM E ELES; para que soubessem que eu sou o SENHOR que os santifica” (Ez 20.10,12).
O apóstolo Paulo combatendo os elementos judaizantes entre os crentes na Galácia, escreve: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.1,4). No capítulo quatro da mesma epístola, Paulo esclarece: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco” (Gl 4.4,5,9-11).
# Ainda no final do capítulo dois e início do capítulo três da mesma carta, o apóstolo combate essa heresia com bastante veemência, dizendo: “Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde. Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé” (Gl 2.21; 3.1-3,5-11). Estes e muitos outros textos mostram inequivocamente que guardar o sábado não é um dever daqueles que seguem a Cristo.
É oportuno dizer que, nós, cristãos, não “guardamos”, nenhum dia da semana como elemento coadjuvante para a aquisição da salvação. O domingo, geralmente designado como o dia do Senhor, é chamado assim porque geralmente nesse dia a maioria dos cristãos tem a oportunidade de oferecer a Deus um culto especial, desfrutando da koinonia na comunidade dos fiéis, uma vez que, em geral, o domingo é o dia de folga. Então, aproveitamos e dedicamos a maior parte desse dia para adorar a Deus.
Se fossemos apontar um bom motivo para oferecermos ao Senhor todo o dia do domingo, poderíamos dizer, por exemplo, que foi num domingo que o Senhor ressuscitou. No entanto, oferecer o domingo ao Senhor não deve ser pensado como meio para se obter a salvação, mas como gratidão de uma alma salva. Este dia poderá ser qualquer outro da semana. Se, por exemplo, a pessoa trabalha no regime de escala corrida, e folga em dias alternados, no dia em que a pessoa estiver folgando poderá procurar um templo para oferecer adoração ao Senhor.
O verdadeiro cristão não adora a Deus apenas em um dia da semana, mas durante toda a sua vida. Portanto, se o crente não puder se reunir regularmente no templo aos domingos, para adorar ao Senhor de forma integral, por causa do trabalho secular, ou outro motivo de força maior, poderá ir à casa de Deus em qualquer outro dia da semana, e a sua salvação não estará por isso, comprometida. O que compromete a salvação é a prática do pecado.
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